sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tempo

Foi hoje aprovado em parlamento o Casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os partidos de direita votaram contra, tendo o BE , o PCP e o PS (com excepção de duas deputadas) votado favoravelmente.
Como referi, neste mesmo espaço, esta semana, penso que a melhor proposta era a do PSD que defendia a união de facto legal entre esses mesmos casais. Não teríamos dessa maneira o problema da adopção por estes casais.
Entendo que após a apresentação de um abaixo-assinado com 90.000 portugueses a defenderem a realização de um referendo sobre o tema, esse deveria ser efectuado. Sei que referendos obrigam a que se gaste dinheiro e tempo mas falamos de um tema que afecta as bases da sociedade em que vivemos. Penso que seria muito mais importante do que o referendo sobre o aborto. Talvez o medo da resposta do povo tenha estado presente na cabeça do Eng. José Sócrates.
Em casos destes o povo deve ser mesmo quem mais ordena e penso que a sua vontade foi por isso atropelada.
Voltando ao problema da adopção teremos agora manifestações de vontade desses mesmos casais e dos defensores dos mesmos a apelar à mesma. Enquanto que o casamento consigo de algum modo aceitar, a adopção já não. Não queria recorrer a um exemplo tão simples mas a ideia de uma criança chegar a escola e dizer que o pai se chama José e a mãe António não me parece positiva. Nem para a criança nem para o ambiente que a rodeia.
Por isto mesmo entendo que terem chumbado a proposta do PSD foi um erro, visto que esta dava os direitos aos casais mas impossibilitava-os de recorrerem à adopção. Não me acredito que uma criança que cresça nesse ambiente possa ser saudável psicologicamente.
No entanto acredito que todo este tema foi aproveitado por José Sócrates para distrair os portugueses. Compreendo perfeitamente a reacção do Presidente Cavaco Silva quando diz que esse não é um dos grandes problemas do país. Mas agora que já foi discutido, pergunto se já não é tempo de discutirmos o que realmente devia preocupar o nosso governo.
Será que ainda não é tempo de falarmos sobre o aumento do desemprego? ou sobre a asfixia fiscal? ou sobre o elevado endividamento do país? ou sobre os baixos salários dos portugueses e a enorme discrepância entre ricos e pobres? ou sobre a nossa baixa competitividade? ou sobre o nosso investimento que é quase nulo? ou sobre a subida da taxa de juro? ou sobre a queda das exportações? ou sobre a queda do poder de compra das famílias portuguesas? ou sobre as muitas auto-estradas e TGV's que vamos ter que pagar?
No meu entender, já é definitivamente tempo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tem toda a razão no que diz meu amigo, mas não é só isso.
Dê uma espreitadela a este Blogue.
Retirado de:

http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

"Normalmente a perda de direitos tem sido realizada durante a discussão de uma nova lei, onde os sindicatos mais não fazem que tentar minimizar os danos; tentar perder o mínimo possível. O acordo entre os Professores e a Ministra da educação foi a inversão deste formato. Primeiro impuseram uma nova lei para agora se sentarem à mesa e ceder um pouco. O resultado é o mesmo, quem trabalha perdeu mais direitos, mas podendo os sindicatos cantar vitória.
Não conheço o texto de acordo que foi assinado mas já ouvi que o governo manteve as quotas para Muito Bom e Excelente e os sindicatos conseguiram garantir a progressão nos escalões para os professores avaliados com Bom. A carreira dos professores tem dez escalões com a progressão a acontecer de quatro em quatro anos (num dos escalões parece que é só de 2 anos). É toda uma carreira para só lá chegar perto da aposentação. O que a Ministra conseguiu foi fazer com que os classificados com Bom passem a poder ter de esperar sete anos para subir para o próximo degrau, o que muito provavelmente não vai permitir que nunca cheguem ao topo em tempo útil de carreira.


Nesta luta, que agora acabou, gostei de ver os professores unirem-se para lutar contra a injustiça, marcaram a diferença e fizeram-nos acreditar que a união é possível. Gostei de ver nascer uma plataforma onde se uniram todos os sindicatos. Não gostei de ver alguns muito preocupados em não deixar que esta luta tivesse chegado onde podia ter chegado, que tenham contemporizado e mesmo chegado mesmo a assinar memorandos de entendimento. Não gostei de ver a união da classe a esboroar-se mal prometeram um “rebuçado” a alguns dos professores. Não gostei de ver as outras carreiras da função pública não se terem unido aos professores engrossando a sua luta. Não gostei, como pai, de ver a recusa de união entre país e professores na defesa da escola pública de qualidade, optando antes por acusações mútuas. Não gosto de ver muitos parecer terem aprendido tão pouco nesta luta."

Com a minha simpatia.
drma